Com o objetivo de disseminar novas aplicações e soluções tecnológicas voltadas para a área da educação, o Senac Bahia realizou, entre os dias 23 e 24 de fevereiro, o Fórum de Tecnologia em Educação, na Casa do Comércio.

O evento reuniu 35 participantes, entre coordenadores pedagógicos e instrutores das unidades do Senac localizadas em Salvador e região metropolitana e contou com a parceria do Senac/DR RN e Senai Bahia, além das participações do Instituto de Cegos da Bahia (ICB) e da Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos da Bahia (APADA).

“Sabemos do poder transformador que a educação traz para a sociedade e temos que buscar cada vez mais novos olhares e atualizações, pois o mundo vive em transformação e precisamos estar preparados. Cito a integração que tivemos durante a pandemia. Neste período recebemos mais de 5.000 estudantes atendidos na oferta remota, o que demonstra a força da tecnologia utilizada para a educação”, explica Ana Rita Andrade, superintendente de educação profissional do Senac.

As mudanças sociais, cada vez mais rápidas (algumas vezes radicais) refletem diretamente no processo educacional, requerendo uma reestruturação de todo o processo de ensino, para que o estudante não perca o interesse em permanecer em busca do conhecimento. Desafios são muitos e alguns deles foram apresentados durante os dois dias do fórum.

“Precisamos manter a nossa equipe pedagógica capacitada e cada vez mais próxima das novas tendências em tecnologia. Tornar o profissional apto a lidar com as ferramentas e despertar o interesse do aluno em continuar a sua capacitação nas unidades do Senac”, afirmou Maibi Teixeira, gerente de educação profissional.

No primeiro dia do fórum, Dr. Ricardo Lima, gerente de inovação e tecnologias educacionais do Senai demonstrou preocupação com a preparação da sua equipe, que vem sendo feita desde a década de 1990. “Desde 1993 temos uma equipe dedicada a usar e desenvolver tecnologia aplicada à educação. Há um processo disruptivo entre as tecnologias e o crescimento de algumas ferramentas e plataformas é exponencial, a exemplo do e-commerce. É primordial trazer esse know-how para a educação e entender o que o aluno deseja”, resumiu.

Dr. Ricardo apresentou o resultado de uma pesquisa feita, ainda antes da pandemia, com alunos de diversas partes do Brasil. Perguntas como “O que você acha da escola e como gostaria que ela fosse?” auxiliam à compreensão sobre o que desperta o interesse do público, como a flexibilidade e autonomia na escola das disciplinas, maior interação com as comunidades e exercícios práticos, dentre outros. “Somos hoje o principal desenvolvedor de tecnologias voltadas para a educação dentre todas as unidades do Senai no Brasil”, concluiu.

Há 25 anos no Senac, o Coordenador de Tecnologias Educacionais do Senac/DR RN, Renato Rodrigues abordou a importância do trabalho com as gerações mais atuais, “Z” e “Alpha” e as competências do profissional do futuro, como uma colaboração colaborativa, falada e escrita, resolução de problemas, com tomadas de decisões cada vez mais assertivas, atenção aos detalhes, pensamento digital e uso da tecnologia a seu favor.

“Temos que mudar a forma de interação com as novas tecnologias para atender à demanda que está chegando destas novas gerações. Hoje temos um déficit de aproximadamente 2,5 milhões de profissionais dedicados e preparados para atuarem nas áreas de inovação e tecnologia e todas as profissões serão diretamente impactadas, incluindo a educação”, disse Renato. “Temos que reaprender a aprender sobre o que desejamos para o futuro da educação”, concluiu Renato, finalizando o primeiro dia do evento.

Na manhã de quinta-feira, o instrutor do Senac e sócio fundador da Aoca Game Lab., Victor Cardozo demonstrou aos presentes sua vivência com os alunos, detalhando quais habilidades devem ser definidas para que o mesmo tenha condições de ser absorvido pelo mercado de trabalho.

Cardozo ressaltou a importância das atividades dinâmicas e pesquisas, que devem ser cada vez mais aplicadas para estabelecer ciclos de ensinos baseados em vivências, experimentos e agrupamentos, ativando a criatividade pela teoria, porém explorando o lado técnico/prático. Em sua palestra Victor exibiu diversas ferramentas atuais, tais como Discord, Sococo, Gather, Moodle e Teams.

“O grande desafio nosso é construir uma cultura de utilização destas ferramentas, falando dos benefícios e segurança, além das diferenças entre cada uma delas. Para isso o profissional de educação precisa conhecer e explorar estas e outras ferramentas”, definiu Victor. “Um caminho interessante é a Gamificação como forma de centralizar empresas e estimular ambientes de troca”, finalizou.

A importância da acessibilidade e as novas tecnologias

Temas recorrentes na sociedade, a inclusão e acessibilidade também compuseram o fórum. Duas entidades foram convidadas a contar um pouco suas vivências e o quanto utilizam a tecnologia para facilitar a vida e a interação com o meio em que vivem.

Evandro Bispo, professor pós-graduado em libras da APADA, em tom emocionante, relatou sua trajetória de vida e os desafios vividos, desde a saída do interior de Sergipe até sua chegada a Salvador e o contato com outras pessoas com deficiência auditiva.

Com auxílio de um intérprete, Evandro realizou uma atividade prática com os coordenadores pedagógicos e instrutores, incentivando-os a se comunicarem através dos sinais. Também citou a importância das redes sociais no processo de comunicação com outras pessoas e se mostrou interessado em fazer cursos do Senac, para melhor capacitação profissional.

O instrutor de Informática Acessível Instituto de Cegos da Bahia, Márcio Soares agradeceu ao Senac pela possibilidade de discutir diversidade dentro da instituição e mostrou a importância da acessibilidade na educação. Sua apresentação foi guiada por leitura de tela, disponível no próprio sistema operacional.

Soares apresentou o conceito de Desenho Universal, na qual a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços devem levar em consideração a utilização por todas as pessoas, sem necessidade de adaptações ou projetos específicos.

Em tecnologia assistiva, Soares ressaltou a importância em não se estabelecer uma barreira entre o aprendizado e a falta de uma tecnologia de suporte. A evolução técnica dos aparelhos, ferramentas e métodos foram mostradas, desde a invenção do sistema braile, até a lupa de apoio eletrônico e o scanner com sistema de voz integrado.

“Hoje podemos dizer, com grande alegria, que temos uma infinidade de tecnologias assistivas para atender as necessidades dos nossos colegas com deficiência visual, possibilitando acesso às informações importantes para nossas atividades diárias”, evidenciou Soares. “O Senac tem uma grande responsabilidade e importância em todo esse processo, em oferecer ao deficiente visual diversas possibilidades de acesso à educação. Há uma preocupação latente do Senac voltada à tecnologia assistiva”, finalizou.

Ao final dos dois dias intensos de aprendizado, troca de conhecimentos e experiências, Maibi Teixeira avaliou como positivo o Fórum de Tecnologia em Educação. “Plantamos aqui uma semente, que será regada e dará frutos em breve. A tecnologia nos desafia a sermos atentos às novidades e a dialogar cada vez mais e melhor com nossos alunos e tenho a certeza de que saímos daqui com novos olhares e desafios a serem superados. Parabéns aos palestrantes e também à equipe de coordenadores pedagógicos e instrutores e vamos em frente”, finalizou.