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Coco da Bahia

22 de jul de 2013

Cada vez mais, há um valor agregado à destinação comercial e cultural de produtos referenciados pelos seus territórios. Isto é importante para poder afirmar o conceito de terroir, e, em especial, para identificar os “mercados” da comida.

Determinar o lugar de produção é uma forma de construir um tipo de “marca” que dá particularidade aos diferentes produtos gastronômicos no cenário da globalização.

Refiro-me ao Cocos nucifera L., sem dúvida, um ingrediente tropical que é marcante nas cozinhas da Índia, da Malásia, das Filipinas; e de muitos outros povos, como é o caso do Brasil.

O coco possibilitou, contudo, uma rica gastronomia nacional com ação civilizadora da mão africana.

Assim, abrasileirando-se, o cuscuz Magreb de sêmola é recriado com a farinha de milho e com o leite de coco. Também muitos outros pratos doces como, por exemplo, a celebrada cocada.

Por muito tempo no Brasil, o coco chamou-se de “coco da Bahia”. No seu trajeto da Índia, o fruto vinha se aclimatar nas ilhas do Cabo Verde, África, e de lá para a Bahia.

Gabriel Soares de Souza informa no “Tratado Descritivo do Brasil” (1587) que: “(...) as palmeiras que dão cocos, se dão na Bahia melhor que na Índia (...) foram os primeiros cocos à Bahia de Cabo Verde donde se encheu a terra”.

Da palmeira do coqueiro tudo se aproveita, e este fruto está, sem dúvida, muito relacionado à tradição culinária e a identidade da Bahia.

 

Raul Lody

22 de julho 2013