coluna raul lody

Baiana de acarajé: uma profissão reconhecida

23 de nov de 2017

O registro do ofício das baianas de acarajé como Patrimônio Nacional (IPHAN) amplia o lugar social de um saber tradicional que traz uma ampla e rica memória de mulheres que faziam e vendiam acarajés que vêm dos “ganhos”, século XVIII, onde já havia a mulher que comercializa comidas e bebidas artesanais.

Esta atividade pública de vender a comida, e também em alguns casos de fazer a comida na rua, para o consumo imediato, remontam as memórias ancestrais africanas dos mercados aonde as mulheres têm lugar de destaque no comércio de variados produtos; como acontece na África Ocidental e, em especial, nos grupos culturais Ioruba e Fon. As mulheres se afirmavam nestes ofícios femininos, no caso da venda das comidas e, em destaque, as comidas preparadas com azeite de dendê.

E verdadeiras herdeiras desses saberes e patrimônios alimentares africanos são as baianas de acarajé que marcam a vida cultural e social da Bahia.  Assim, a consolidação do ofício de vender no tabuleiro um cardápio consagrado pelo costume e pela identidade culinária de matriz africana, faz com que uma das principais mobilizações da ABAM – Associação da Baianas de Acarajé   e de Mingau da Bahia – seja a formalização deste ofício tão integrado à vida da Bahia e do Brasil.  

Isto significa uma conquista desse segmento tão significativo de afrodescendentes do país, e regulamenta o ofício da baiana como das demais profissões. Desta maneira as baianas de acarajé estão incluídas na classificação brasileira de profissões CBO. Esta conquista reafirma o papel social destas mulheres que preservam com o seu trabalho um importante acervo para nossa identidade de brasileiros.

 

Raul Lody