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Para dar comer ao mar

22 de jan de 2018

Na cidade do São Salvador, Bahia, o dia 2 de fevereiro marca um grande encontro da cidade com o mar. É um encontro com um litoral repleto de histórias, de lendas, de religiosidade, onde se destacam os pescadores e o seu ofício de trazer alimentos do mar para os mercados e para as feiras; e, a partir daí viver as receitas tradicionais da Bahia; receitas com peixes, camarões, e outros ingredientes que integram a identidade culinária da Bahia.

Há um amplo e rico acervo culinário que faz parte do patrimônio da Bahia, e que é feito a partir de ingredientes que vêm mar: moquecas, ensopados, frigideiras, entre outros.

Na festa de 2 fevereiro, data do calendário da Igreja para as celebrações de Nossa Senhora das Candeias, o mar é o tema e o lugar de uma ampla e plural devoção.

Esse espaço de festa reativa os laços com a África e, em especial, com Iemanjá, a dona do “Mar da Bahia”, e aonde se vive as tradições dos Egbá, da Nigéria, território deste orixá, também conhecido como Mãe d’água, Sereia do Mar, Dona Maria, Princesa do Aioká.

Em todas as festas tradicionais, as comidas são um dos motivos centrais que são usados para integrar os rituais devocionais com a comensalidade. Nestas celebrações coletivas, há também os tabuleiros das baianas de acarajé, e os seus cardápios com abará, cocadas, bolinhos de estudante; acarajé com vatapá caruru, salada e o molho de pimenta chamado de molho Nagô.

São muitos “presentes” para Iemanjá nas centenas de balaios, talhas de barro, entre tantas maneiras de reunir comidas feitas à base de milho, azeite de dendê; obi – fruto africano –; além de muitas flores, frutas; fitas, tecidos, perfumes; e demais ofertas que simbolizam o aspecto feminino e materno desse orixá, conforme dizem os itãs – contos orais, tradições milenares que relatam as histórias mitológicas dos orixás na tradição Ioruba.

 

 

Raul Lody