Aqui no trópico, a celebração do Natal acontece em pleno, e intenso, verão.

Contudo, seguimos o regime alimentar e os cardápios de costume ibérico, notadamente português, que traduzem uma Europa que nessa época do ano está num rigoroso inverno; e, por isso, as comidas são mais ricas em gordura, o vinho tinto impera, e entre os pratos mais tradicionais está a castanha, as frutas secas, as rabanadas e os assados, como tantas outras delícias de se ver e de se comer.

Sem dúvida, o Natal é um período em que se deseja comer bem, e muito; e, é um momento, em que se buscam nas inúmeras receitas da mesa baiana algumas opções de cardápios. Geralmente os cardápios são referenciados na África, nos ibéricos, nos povos nativos e nos imigrantes.

Essas receitas são adaptadas ao trópico, aos nossos cenários sociais e culturais. Então se traz à mesa as frutas da época: caju, manga, abacaxi; melancia, jaca, acerola; graviola. Reinventam-se as receitas com coco, com as delícias do mar. Reinventam-se também os pratos com dendê.

Assim são experimentadas as formas regionais, e gostosas, de se comer; pois desse rico e amplo acervo culinário da Bahia podem ser criadas muitas, tantas, ceias para se celebrar essa festa, o Natal, e manter identidades e tradições.

Raul Lody

Curador do MGBA