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Efum-oguedé – farinha de banana

15 de mar de 2012

As tradicionais técnicas de pilar e de se fazer farinhas são a base gastronômica as  muitas “cozinhas” da Bahia. Cozinhas de forte referência africana, especialmente as do Recôncavo.

Da obra clássica de Manuel Querino, “A arte culinária da Bahia”, chega uma receita que traduz uma África Iorubá, inicialmente destacada com a designação de “efum”, que quer dizer farinha, e “oguedé”, que significa banana.

A banana está muito presente nas receitas tradicionais da Bahia. Trago a deliciosa experiência de quando em estada na Heróica cidade da Cachoeira,  num café da manhã, comi bananas fritas no azeite de dendê, prato que integrava aquele cardápio  tão simbólico de matriz africana, numa região de açúcar e de tabaco, mas também uma região do dendê, aquele feito artesanalmente no pilão. E com a parte sólida do azeite, que é chamado de  “bambá”, faz-se a deliciosa farofa de “bambá”.

A banana é uma boa fruta para acompanhar pratos salgados e condimentados. Uma quiabada pode ser guarnecida com farina de mandioca, da “bem fininha”, pimentas, e banana-prata, formando um verdadeiro banquete de sabores, e de harmonizações, que a tradição orienta e expõe com sua  sabedoria tradicional.

A banana é um acompanhamento também para os feijões, e tudo mais que essa fruta  agregue de sabor aos cardápios.

Efum-oguedê é uma farinha de banana para se fazer farofas, e outras receitas para acompanhar carnes, legumes, e as “comidas de azeite” – receitas com dendê.

A banana indicada para o efum-oguedé é a banana São Tomé, quase madura e cortada em fatias, elas são postas a secar ao sol; e, na sequência, são piladas de maneira artesanal.

Creio que essa receita possa ser retomada, e assim enriquecer ainda mais  a mesa baiana contemporânea.

 

Raul Lody