coluna raul lody

Diz a tradição afro-baiana: agosto é o mês do “sabejé”

02 de ago de 2017

Há muitas festas populares da Bahia que, na sua maioria, são de base devocional, e celebram tanto os santos da Igreja quanto os orixás; pois é muito comum experimentar a fé a partir das relações populares feitas entre os santos e os orixás.

E assim, esta fé ampla é plural é vivida nas ruas, nas praças, em todos os espaços públicos, com grandes celebrações que envolvem milhares de pessoas no cumprimento de calendários anuais que marcam lugares de pertencimento às diferentes tradições afro-baianas.

As mobilizações para estas celebrações trazem a possibilidade de rituais coletivos de alimentação, feitos a partir de cardápios e ingredientes especiais que simbolizam e marcam a identidade da festa.

No caso do mês de agosto, quando os santos Roque e Lázaro são lembrados pela Igreja, os terreiros de candomblé fazem as obrigações e as festas para o orixá Omolu, também conhecido como Obaluiaiê. Há um paralelismo sagrado entre esses santos e orixá. E esta relação devocional é mostrada nos rituais públicos do “sabejé”, que representa a visita do orixá Omolu às ruas da cidade do São Salvador.

O sabejé reúne cortejos aonde pessoas devidamente vestidas à baiana, com roupas elaboradas com rendas e bordados num alvíssimo branco, portam tabuleiro com os objetos sagrados de Omolu, amplos cestos com muito doboru – pipoca – que são oferecidos ao público, que deve retribuir com quantias livres.

O alimento é o Orixá, a comida significa a presença de Omolu. Este é um processo de comunicação e de comensalidade que se estabelece por toda cidade do São Salvador.

 

Raul Lody