Comer é festejar, e VIVA São João!
18 de jun de 2012
Sem dúvida, as celebrações familiares, das comunidades, e dos diferentes segmentos sociais sempre encontram na comida, e nos muitos rituais da alimentação, as melhores maneiras de se socializarem e de viverem importantes momentos da comensalidade.
Exemplo disso é o tão estimado ciclo de festas de Junho, iniciado com Santo Antônio, e na sequência São João e São Pedro. Essas festas populares e tradicionais marcam os sistemas alimentares da Bahia, quando se realiza uma gastronomia à base de milho, coco, licores, bolos, e outros doces, que identificam o tempo das festas dos tão queridos “Santos de junho”.
Fazer comida, oferecer comida, celebrar as devoções religiosas com os sabores, as receitas, as memórias, experimentando estes rituais entorno da fogueira, é retomar os antigos significados do fogo, que representa a renovação, a purificação, e também o poder masculino.
São imaginários arcaicos e fundamentais à compreensão da comida, e destaque para o milho que é um ingrediente que representa o sol, coforme as tradições milenares dos povos americanos.
Todo esse cenário de história, e temas repletos de significados culturais, integra-se também as civilizações de diferentes povos do continente africanos.
No caso da Bahia, há um especial destaque para os costumes afrodescendentes Iorubá, que no São João celebra o orixá Xangô. Orixá do poder real masculino, do fogo, da justiça, alafin de Oyó.
A celebração de Xangô acontece nas comunidades dos candomblés diante das fogueiras sagradas, e no oferecimento do “amalá”, comida de quiabo, dendê, pimenta, e outros ingredientes, sendo acompanhado de pirão de inhame, acaçá e acarajé.
A comida é, então, um dos mais notáveis temas que possibilitam manter as identidades e marcar o pertencimento a uma tradição.
Raul Lody
18 de junho de 2012