Farofa de Prato
03 de ago de 2012
Sem dúvida, tudo com farinha de mandioca é muito bom. Ela dá sabor, complementa o prato, e ativa a memória dos paladares.
Para o gosto baiano, chega do Recôncavo a boa farinha, a “bem fininha”, que lembra areia de praia. Entre tantas tipos de farinha, é a de “copioba” que se pode escolher na rua das farinhas no Mercado de São Joaquim, na cidade do São Salvador. A farinha de mandioca tem estilos e características, que lhe confere uma marca, um verdadeiro “terroir”. Pois, as farinhas assumem importantes características gastronômicas que indicam os seus usos, como fazer pirões, farofas; simplesmente para derramar sobre o feijão ou mesmo sobre um generoso prato de caruru. A farinha é realmente um alimento gostoso, sendo bom até para se misturar no café, entre tantas outras maneiras de agregar sabores “telúricos”.
As farinhas da região de Nazaré das Farinhas são famosas e têm verdadeiras assinaturas autorais de textura e temperos, inclusive a farinha com ”açafrão-da-terra” que possibilita novos gostos e invenções culinárias.
Memoráveis são as farofas da Bahia, e trago um tipo que é de criação individual e é feita à mesa. Ela nasce do aproveitamento de caldos de carnes, de peixes, de legumes, de embutidos, entre tantos outros complementos enriquecidos com molhos e pimentas, e principalmente da técnica e do desejo de aproveitar todos os insumos e sabores da refeição.
Assim, geralmente, chega um prato com uma concha de caldo, e aí se coloca farinha à gosto, e ainda pimentas frescas ou na forma de molho, e com a colher ou o garfo vai se construindo a farofa de prato. Pode ser mais “molhada” ou mais seca”, e isso revela a intenção do criador dessa culinária tão pessoal e íntima.
Raul Lody.
2 de agosto de 2012