A partir do século XIII a Igreja católica oficializa as celebrações de Corpus Cristi e, em especial, na Europa com procissões que destacavam temas bíblicos em alas com personagens caracterizados, carros alegóricos, irmandades; e o desfile da “custódia”, contendo as hóstias, o corpo de Deus.

É a celebração do sacramento da eucaristia, e essas celebrações se dão em todo o mundo católico.

Na Bahia, as misturas das tradições africanas com os santos católicos resultaram em um amplo e diverso processo de paralelismos  de significados sagrados e de interpretações rituais.

Assim, na data de Corpus Cristi os terreiros de Candomblé da tradição Nagô celebram o orixá Oxóssi, o caçador, o provedor de alimentos. Vê-se que há uma leitura sagrada que une o significado do Corpo de Deus, que é o “alimento”,  com as funções míticas de Oxóssi , aquele que alimenta o homem.

Sem dúvida, é a celebração dos diferentes significados da comida  mostrando as suas muitas  marcas culturais  integradas aos  rituais da alimentação, que  também revelam identidades étnicas, sociais  e de  civilizações.

A interpretação da caça para Oxóssi é uma interpretação que busca o equilíbrio com a natureza, para que ela possa sempre garantir e prover alimento ao homem.

São as maneiras que os povos, as culturas e as religiões, têm para preservar os seus sentimentos  pelos rituais da alimentação. Todos legítimos. Todos importantes.

Raul  Lody         

28 de maio de 2013