Jenipapo, uma fruta nativa
09 de out de 2014
No Tratado Descritivo do Brasil (1587), Gabriel Soares de Sousa organiza dois textos para informar ao Rei Felipe II de Espanha sobre a situação da colônia portuguesa no Brasil; e, desta maneira, divulga os textos assim conhecidos: “O roteiro geral com largas informações de toda a costa do Brasil” e “Memorial e declaração das grandezas da Bahia de Todos os Santos”, onde há notáveis descrições sobre o Trópico e os aspectos etnográficos em relatos pioneiros sobre o Brasil.
Estes depoimentos trazem os produtos “da terra” e, em especial, as frutas; e nesse caso dedica ao jenipapo, uma fruta integrada aos hábitos alimentares da Bahia, um lugar de destaque que é marcado nos muitos preparos de doces e bebidas; aliás, como atesta a própria mesa baiana.
A Genipa brasiliensis é uma fruta para se fazer receitas de vinho, de licor; receitas de doces, nas técnicas da fruta cristalizada e em calda.
Ainda, Gabriel Soares de Souza informa que o jenipapo é uma fruta que se dá ao longo do mar e pelo sertão; e assim o documentalista também trata das demais espécies vegetais da Bahia num amplo e significativo olhar sobre a natureza e a cultura dos povos nativos, os índios.
O jenipapo marca um estilo de paladar da Bahia, e é uma fruta de característica peculiar, quando madura é imediatamente reconhecida nas feiras e nos mercados. Nestes ambientes tradicionais ao se adquirir frutas, e outros ingredientes para as comidas, as formas e os cheiros são indicadores que orientam as escolhas e os usos culinários.
Destaque para o licor de jenipapo, bebida artesanal muito popular nas celebrações do ciclo junino. É uma bebida que segue receitas familiares e domésticas, e que é servida para acompanhar mungunzá, bolos, e outros doces de milho. O licor é também uma bebida de boas-vindas, como acontece com o cafezinho. O licor artesanal nasce na escolha de boas frutas, de uma cachaça de marca ou de alambique reconhecido pela sua qualidade, açúcar e água.
O jenipapo integra as tradições da cozinha da Bahia, como outras frutas: mangaba, jaca, manga, caju coco, licuri; entre tantas que são boas para se comer in natura e para se fazer as receitas dos cardápios das festas.
Raul Lody
8 de outubro de 2014.