coluna raul lody

Está chegando o tempo do milho

07 de mai de 2015

Em junho, vive-se grandes festas populares e tradicionais na Bahia, com as celebrações de Santo Antônio, São João e São Pedro; e, é também o mês das festas nos terreiros de candomblé que comemoram o orixá Xangô com as fogueiras e as comidas à base de quiabo, inhame, pimentas, dendê, entre tantas outras de um rico cardápio de base africana. Também, grandes acarajés identificam este orixá que simboliza o fogo e a justiça dos homens. Ainda, o abará ganha um novo significado nestes cardápios dos terreiros. Esta comida tão baiana e que integra hábitos cotidianos nos tabuleiros, nas vendas das baianas de acarajé, que são importantes mantenedoras das receitas de matriz africana.

Para se viver as festas de junho, há um conjunto de doces feitos com milho, como bolos, lelê, pamonha, mungunzá; todos deliciosos, e acrescidos com leite de coco, açúcar, cravo, canela. Destaque especial para os licores artesanais de jenipapo. Oferecer licor de jenipapo é uma forma de “bem receber” nas casas durante o mês de junho. E é costume também oferecer um pedaço de bolo de milho.

Pois o milho é um tema dominante destas festas tão populares, e que o baiano gosta de viver de diferentes maneiras a música, a dança, as rezas; e as trezenas para santo Antônio, geralmente nas casas, tudo para reunir os amigos e experimentar momentos de comensalidade.

O milho, este cereal americano, forma imaginários na alimentação das Américas há mais de 8000 a.C. nas receitas dos Maias, dos Incas, dos Astecas; e de tantos outros povos que fazem do milho uma comida que lembra o sol e todos os seus significados míticos que fazem parte da construção das memórias ancestrais do homem. 

Sem dúvida, está no milho das nossas receitas baianas todos estes valores, símbolos e reinvenções.

Raul Lody, 07 de maio de 2015.