coluna raul lody

A comida e a fogueira

05 de jun de 2017

Cada ingrediente tem uma história e um preparo que é reconhecido como um verdadeiro símbolo em cada cultura.

A batata e o milho, nativos das Américas, mostram uma rica biodiversidade com centenas de tipos, e uma grande variedade de possibilidades culinárias; e assim eles integram os nossos hábitos alimentares em variados preparos salgados e doces. São receitas que estão ao gosto dos paladares que vão de norte a sul do Brasil. Nós gostamos de comer batata e milho, diria o mundo gosta de comer estes ingredientes; como outros que vêm das Américas, como o tomate. 

Dentro das nossas tradições culturais, o milho, a batata-doce, a mandioca, o jenipapo; o coco; o amendoim; o cravo, a canela e o açúcar; formam uma base culinária do que é próprio para as mesas das festas de junho.

As festas de junho comemoram as devoções aos santos Antônio, João e Pedro; e trazem também as memórias do solstício de verão – aproximação da terra com o sol no hemisfério Norte. Ainda, o sol traz conceitos relacionados à vida, ao poder masculino, à transformação; e as fogueiras querem reproduzir o poder do sol e todos os seus significados míticos.

E esses significados estão presentes nas nossas festas de junho, numa grande valorização do fogo e de tudo que por ele seja tocado. Assim, a fogueira, que festeja os santos de junho e o orixá Xangô do candomblé, traz a presença do sol. Ainda, além de um símbolo ritual, a fogueira faz parte da preparação das comidas, como assar a batata-doce e o milho.

A comida dá identidade às celebrações. E comer batata-doce e milho assados na fogueira possibilita uma espécie de comunhão da pessoa com a festa e todos os seus significados.