Interpretado a partir dos quiabos, o caruru é um tipo de banquete que faz parte das principais comidas votivas e tradicionais dos orixás, onde temos um cardápio de comidas de azeite, ou seja, com dendê, e comidas sem azeite. Há muitas representações e significados referentes aos ingredientes que fazem parte deste cardápio, e que mostram suas características com o que a natureza expõe de simbólico e de sagrado.
Assim, tem-se neste simbolismo um sentido dominante de fertilidade, e de ancestralidade nas bases mitológicas e rituais nessa maneira de interpretar os cultos religiosos, segundo o olhar devocional para os santos católicos Cosme e Damião, que são relacionados aos gêmeos da cultura iorubá, onde temos os ibejis, faz-se, desse modo, uma profunda correlação de fé e de culto religioso afro-diaspórico.
O “Caruru” é uma festa-banquete com muita fartura, com diferentes comidas e bebidas, todas reunidas para celebrar um sentimento de sagrado, que expõem uma identidade religiosa das tradições afro-baianas.
É importante destacar a maneira de servir e de apresentar o prato do caruru, que é uma reunião, num mesmo prato, com caruru de quiabo, farofa de azeite, feijão de azeite, acarajé, abará, acaçá branco, feijão preto com dendê, xinxim de galinha, banana-da-terra frita no dendê, ebô – milho branco –, inhame cozido, batata doce cozida, doboru – pipoca. Também são servidas bebidas para acompanhar o caruru, como o aluá feiro de milho e rapadura; ou, o aluá de abacaxi; ainda, há alguns doces, especialmente as cocadas.
Neste banquete chamado de Caruru, todas essas comidas revelam um sentimento de profunda religiosidade, manifestam devoção, trazem ancestralidade de bases africanas; assim, celebra-se uma festa que aproxima as pessoas numa verdadeira comensalidade sagrada.
RAUL LODY