COLUNA RAUL LODY
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Mandioca: o alimento do século XXI

A mandioca originalmente chamada aypi-macacheyra (Manihot esculenta Krantze) é originária da América do Sul, conhecida e utilizada desde muito tempo pelos povos originários. A grande concentração do gênero Manihot se dá no centro do Brasil, estendendo-se a outras localidades da América do Sul.

A mandioca integra hábitos alimentares de cerca de 80 países tropicais na África, na Ásia e nas Américas.

O Brasil é o segundo maior produtor de mandioca, precedido pela Nigéria, na África Ocidental.

A mandioca alimenta quase um bilhão de pessoas, sendo base e complemento para comidas do cotidiano e para bebidas, tendo amplo uso à mesa enquanto farinha, fécula, goma ou polvilho.

A mandioca tem função alimentar básica para diferentes cardápios indígenas, variando usos e formas de comer e de representar sociedades e culturas. O africano e o afrodescendente são, contudo, os responsáveis pela difusão, ampliação de uso e criação de novos pratos, nacionalizando a mandioca, especialmente na forma de farinha, que é sem dúvida, o mais brasileiro em hábito e a mais brasileira comida em difusão e de ocorrência que vai do Oiapoque (Amapá) ao Chuí (Rio Grande do Sul), pois todo o Brasil come farinha.

Alguns alimentos tradicionais e populares que fazem os nossos hábitos alimentares: Farinha de mandioca, farinha-de-pau, farinha -seca, farinha-de-guerra, farinha-d’água, beiju, tapioca, maniçoba ,tacacá.

À mesa brasileira, sem dúvida a mandioca enquanto farinha alia-se com quase tudo, seja na ingestão, com rapadura ou com mel-de-engenho, por exemplo, seja na feitura de pratos, destacando-se o pirão.

É destaque na cozinha baiana a maniçoba, prato preparado com as folhas da mandioqueira, necessitando longo cozimento para deixar a base tenra e pronta para o acréscimo de carne-de-porco. Também chamada de feijoada verde ou feijoada de folha é complementada com generosas porções de farinha de mandioca, do tipo bem fininha, como é do gosto da culinária do recôncavo da Bahia, onde o prato é muito apreciado e tradicional.

Sem dúvida ,o brasileiro é um grande consumidor da mandioca e assim marca o seu patrimônio alimentar e a sua identidade de povo.

 

RAUL LODY.

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.