Certamente as memórias do paladar são as mais permanentes e profundas, pois, são as referências do que se come, como se come, onde se come, com quem se come, em que momento se come; que vão construir as nossas identidades de pessoas e de grupos sociais.

Assim, a comida é antes de tudo um conjunto de representações da cultura, da história, da civilização, de segmentos étnicos. E, para se fazer comida é necessário ter sensibilidade e sabedoria para viver as experiências que nascem nas cozinhas, observando, provando, adaptando, criando e recriando.

Por tudo isso, a comida é interpretada como um resultado de técnicas culinárias, de escolhas de ingredientes; de representações que identificam estilos de uma região, de uma família, de um cozinheiro, de uma festa; pois, os melhores temperos estão nos significados de cada prato, no que cada prato traz de memória e de pertencimento.

Todas essas memórias e saberes são preservadas nas RECEITAS. Por isso a comida é, sem dúvida, um dos melhores retratos de um povo.

As receitas são transmitidas nas cozinhas em verdadeiros rituais culinários, ou pelos cadernos de receitas familiares que são também verdadeiros tesouros de sabedoria tradicional; ou, ainda por livros e/ou outras mídias .

Assim, o Museu da Gastronomia Baiana, dando continuidade a sua missão, irá realizar o seu 5º Seminário, em 30 de agosto de 2011, com o tema Receitas Tradicionais da Bahia. Nesse Seminário, busca-se socializar, discutir, analisar, e divulgar as diversas formas de se interpretar a comida nos seus contextos sociais e culturais.

Raul Lody