As frutas de verão e seus usos sagrados
09 de dez de 2013
No Trópico vive-se em dezembro o pleno verão, o momento de frutas especiais, carnudas, suculentas, doces, e por isso, próprias para a época. Frutas boas para serem vistas e saborosas para serem comidas. Frutas encontradas nas feiras e nos mercados aos montes. Muitas, coloridas: amarelas, vermelhas, alaranjadas; maduras e prontas para o consumo in natura.
São frutas que unem os mais profundos encontros telúricos. Nesse caso, refiro-me à Bahia com as suas mangas, melões, bananas, cajus, abacaxis, laranjas; e tantas outras. Estas frutas tropicais integram o imaginário religioso de matriz africana do candomblé da Bahia, e no verão formam cardápios especiais e devocionais que têm representações sagradas.
Os múltiplos olhares e sentimentos da fé afro-baiana trazem santas como, por exemplo, a Conceição, que para os de São Salvador é a Conceição da Praia, que representa Oxum, orixá Yorubá das águas doces. Assim, frutas bem maduras, quase douradas, são oferecidas nas louças de porcelana e/ou de barro.
Vive-se na partilha deste banquete de frutas tropicais momentos de comensalidade sagrada, momentos para se experimentar as identidades culturais da Bahia.
Raul Lody
08 de dezembro de 2013.