Os banquetes da Quaresma
01 de abr de 2015
Neste período da quaresma e, em especial, no período da Semana Santa, há o costume e a tradição de viver amplos cardápios com produtos comestíveis do mar. São banquetes feitos à base de peixes, camarões, mariscos, crustáceos, na melhor interpretação afro-baiana de cardápios com muito azeite de dendê.
No Recôncavo, vive-se o dendê nas mesas durante esses feriados católicos com um rico acervo de pratos, tais como: vatapá, feijão de azeite, frigideiras, moquecas, sempre marcados pelos temperos e pelos molhos de pimenta, como, por exemplo, o molho de lambão que acompanha a tão querida lambreta. Os molhos da Bahia trazem afeto ao paladar, e a “pimentinha” amplia os sabores, pontua e dá um sentido especial à comida.
A tradição da mesa baiana cumpre a abstenção da carne, “carne de sangue”, e segue os preceitos religiosos da Igreja que, nesse período de jejuns, indica os cardápios à base de produtos do mar.
Peixes, mariscos e crustáceos fazem parte de uma sofisticada e variada mesa de sabores nas celebrações familiares, onde há predileção pelas comidas de “azeite”. Moqueca de bacalhau e/ou peixe salgado, moqueca de ostra, moqueca de camarão, moqueca de peixe, moqueca de siri-mole; salada de bacalhau, escaldado de peixe, ensopado de camarão, escaldado de bacalhau, frigideira de bacalhau, frigideira de camarão, frigideira de ostra; bacalhau assado, bobó de camarão, bolinho de peixe; moqueca de folha, moqueca de pititinga; e complementos como pirões feitos com os caldos, as farofas de dendê, o arroz, o acaçá de milho branco e de arroz insosso, fazem algumas das receitas que aguçam os desejos da Bahia de comer produtos do mar e alguns de rios.
Os preparos desses banquetes nas cozinhas durantes a Quaresma são realizações muitas vezes coletivas, familiares e autorais, numa repetição de receitas que afirmam a identidade da Bahia à mesa.
Raul Lody
30 de Março de 2015