Neste mês de outubro, quando se celebra o dia mundial da alimentação a comida e a fome são questões que trazem aspectos sociais econômicos, nutricionais nos contextos da soberania alimentar.
Cada vez mais a comida é percebida e valorizada enquanto uma manifestação de sensibilidade e de comunicação entre as pessoas. O ato de se alimentar exige todos os sentidos e sentimentos para ser então, verdadeiramente, integrada ao corpo e ao espírito.
Certamente na boca começa o coração. É justamente na boca, apoiada pelos sentidos da visão, olfato, audição e tato que a comida é integralmente entendida, assimilada e cerimonialmente assumida, ganhando valor simbólico.
Comer não é apenas um ato complexo biológico é antes de tudo um ato tradutor de sinais, de reconhecimentos formais, de cores, de texturas, de temperaturas e de estéticas. Pois comer é um ato que une memória, desejo, fome, significados, sociabilidades, ritualidades que dizem da pessoa que ingere os alimentos, o contexto, em que vive, comunicando também com os demais que participam do momento imemorial do ato de comer.
O valor cultural do ato de comer é cada vez mais entendido enquanto um ato patrimonial, pois a comida é tradutora de povos, nações, civilizações, grupos étnicos, comunidades, famílias, pessoas.
O sentido de pertencer a uma sociedade, a uma cultura nasce primordialmente no falar um idioma e de incluir receitas, pratos, criar hábitos cotidianos da comida. É então a comida um lugar que define e aufere a pessoa o seu pertencimento, quer dizer ter uma identidade, partilhar de um modelo que reúne ética, moral, hierarquia, definindo papéis sociais de homens e mulheres.