COLUNA RAUL LODY
  • Compartilhe:
Cacau: é sempre bom um novo olhar

A maioria dos estudos clássicos sobre o cacau apontam para a domesticação da espécie nativa da América central com uma datação estimada em torno de 4 mil anos.

Recentes estudos na bacia do Rio Amazonas atestam por meio de pesquisas genéticas, que há mais de 1,7 mil anos, anteriores a datação conhecida sobre o cacau nativo das Américas, que já existiam espécies autóctones domesticadas nesta região – Amazônia pluvial.

Sem dúvida, o cacau é um campo de interesse dos biólogos, dos antropólogos, e dos arqueólogos, notadamente na América central, com as civilizações Maia e Asteca, representadas na bebida religiosa chocolate e no uso das bagas de cacau como moedas, que formavam símbolos de poder. 

Refiro-me ao cacau criollo, o mais disputado e raro na fabricação dos diversos produtos de chocolate.

Em 2018, a revista Communication Biology mostra que não na América central, mas na área Amazônica, Equador, teria sido o nascedouro da domesticação do cacau, em datação superior àquela convencionalmente aceita nas civilizações milenares, e, em especial, no México.

Segunda essa revista, estas descobertas referem-se ao cacau criollo, que hoje, no mundo, atinge 5% da produção global.

Cada vez mais o chocolate e os processos agrícolas do cacau unem-se numa crescente valorização nos mercados internacionais, e mostra que no século XXI, o século da gastronomia, tudo que vem do Theobroma cacao é verdadeiramente um fruto do desejo.

Raul Lody.

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.