Muitas são as tradições culturais e religiosas que fazem da Páscoa uma grande celebração judaico-cristã, e que trazem os sentimentos de vida, de fertilidade e de renascimento. E estes valores são interpretados conforme os rituais sociais que estão ligados à mesa, onde há o oferecimento de comidas e bebidas especiais, e ocorre o momento da comensalidade, que se torna o mais importante elo para as sociabilidades nas experiências religiosas.
Sem dúvida, nos imaginários cristãos, e ocidentais, o ovo é um símbolo capaz de traduzir a vida, e a ampliação dessa mesma vida. Há uma grande fruição entre as tradições religiosas milenares que são fundadoras de mitologias, e que marcam símbolos que são interpretados noutros contextos do sagrado; e foi isto que aconteceu com o ovo e com o coelho da Páscoa, entre outras representações para os conceitos de renascimento, de procriação, e de continuidade.
Estes elementos marcam rituais aonde se comiam ovos de diferentes aves, ovos que depois de cozidos tinham as suas cascas ricamente pintadas e decoradas. Ovos marcados com símbolos da fertilidade e que são presenteados na celebração da Páscoa; onde ter na mesa os doces, o mel, os bolos, os biscoitos de canela, as geleias de frutas; entre outros, quer mostrar que quando se come os doces desta festa, doce será também a vida.
E, nestes cenários, o chocolate também começa a integrar estes cardápios doces, a partir do século XIX, quando passa a ser fabricado o chocolate sólido; aí, então, é quando se amplia o seu consumo; e por isso, passa-se a fabricar os ovos de chocolate. A partir daí os ovos de Páscoa ficam nos nossos rituais de celebração desta data, o tão celebrado ovo de chocolate vira um ícone, que nos faz quase esquecer o valor simbólico e ancestral do ovo que foi unido a doçura do chocolate. Assim, o ovo de Páscoa passa a representar e traduzir, cada vez mais, a celebração da Páscoa nas sociedades globalizadas.
Raul Lody