COLUNA RAUL LODY
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O pioneirismo do Museu da Gastronomia Baiana

Em 2020, o nosso Museu da Gastronomia Baiana celebra 15 anos da sua criação, tendo já realizando diversas ações no âmbito da educação patrimonial, com foco nos ingredientes tradicionais e de terroir, nos meios de produção artesanal, e, em destaque, as comidas e os rituais sociais dentro das expressões culturais, tanto no âmbito da biodiversidade quanto das matrizes étnicas.

O Museu está localizado nos prédios do Largo do Pelourinho, Salvador, área reconhecida pela UNISCO como Patrimônio da Humanidade, onde se destaca a arquitetura colonial e a história da cidade do São Salvador, e que fazem parte dos temas introdutórios do roteiro de visitação do MGBA.

A visitação segue com a exposição de longa duração, que traz uma ampla introdução aos aspectos etnoculturais da comida e da cultura da Bahia. Na sequência, o visitante segue para o Bahia Bar Museu, bar musealizado que oferece opções de bebidas baianas, algumas artesanais como o aluá de milho. Daí, o roteiro segue para o Restaurante-Escola-Museu, onde se destaca um acervo de comidas que possibilita viver a emoção de se ter a Bahia à boca. Finaliza-se o roteiro de visitação indo a Loja-Museu, que tem uma livraria especializada em títulos sobre gastronomia.

Outro exemplo de museu com características similares, é o Museu Alimentarium da Nestlé, na Suíça, que foi criado a cerca de 30 anos, e que é um bom exemplo de museu que trata a comida na sua pluralidade.

Ainda, somente após 12 anos do reconhecimento da cozinha mexicana como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é que o México abre o seu Museu da Gastronomia, que também tem um restaurante integrado enquanto um espaço museológico.

Nesta década, há um crescente movimento na Europa, e nos Estados Unidos, para criação de museus de gastronomia, que na maioria dos casos têm interpretações preferenciais no foco comercial. São lojas de ingredientes, confeitarias, restaurantes, padarias; entre outros, que consideram apenas ‘arranjar’ ambientes com cartazes, ou alguns recursos digitais, para que se possa chamar o lugar de museu. Esta tendência é meramente utilitarista, há uma crença de que basta apenas agregar o nome museu que tudo terá um valor cultural automaticamente, na verdade será apenas um espaço de comercialização.


Raul Lody

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.