Laranja Bahia e o coco da Bahia são casos exemplares de alimentos que marcam terroir, embora o coco, Cocos nucifera, seja procedente da Índia, e os cítricos, Citrus sinensis L. Osbeck, procedam da Ásia.
Há uma variedade de cítricos que chegam do Norte do continente africano, e migram do Magrebe para o extremo sul da península ibérica, o Algarve em Portugal, e para a Andaluzia na Espanha. Certamente, destes territórios os cítricos chegam no Brasil, aclimatam-se e daí surgem os hibridismos, o que resulta em novas espécies, nativas e tropicais.
Da família Rutácea, a laranja, com mais de cem variedades, ainda inclui o limão, a tangerina, a lima e a cidra, que fazem as muitas opções para o diverso consumo culinário, e cosmético, entre outros usos.
Laranja é uma palavra do árabe que deriva de nâranj, que significa a cor laranja, assim surgiu primeiro o nome da cor e depois o nome da fruta, ou seja, uma relação do nome com a característica visual da fruta.
A nossa laranja Bahia, que nasceu na Bahia, também é popularmente conhecida como laranja de umbigo, uma variedade da laranja seleta. A laranja Bahia, no século XIX, seguiu para os Estados Unidos, quando recebeu o nome de Washington Navel.
A laranja está em receitas tradicionais com pato, com porco; também em sobremesas doces famosas como o crepe Suzette. Porém, no nosso caso, a presença clássica da laranja Bahia está na tradicional feijoada, onde a fruta se harmoniza com o feijão, as carnes salgadas, as carnes frescas, os embutidos; a couve, a farofa, o torresmo, o molho de pimenta; e o arroz branco.
Assim, sem dúvida, a laranja Bahia está nos melhores hábitos alimentares da Bahia e do Brasil.
Raul Lody