COLUNA RAUL LODY
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UM TIJOLO DOCE

Rapadura – Tijolo doce, ladrilho de rapadura, produto fabricado em engenho que não faz o processo de purgação e que conserva todos os valores integrais da cana-de-açúcar, Os tijolos são feitos em formas de madeira e apresentam cor morena e consistência dura. Antônio de Moraes e Silva (1764-1824), diz que o nome certo é rapadura e não raspadura, pois é um étimo de rapar e não raspar: É massa de açúcar ainda não purgado, ou de mascavo coalhado, no qual se colocam-se amendoins; e crostas grossas do açúcar. Antonil (século XVL) escreveu: sobre a rapadura: “O melado que se dá em pratos e vasilhas para comer há o da primeira e segunda têmpera. Do da terceira bem batido na raspadeira se fazem as rapaduras tão desejadas “..O sertanejo prefere a rapadura ao açúcar refinado, dizendo que ela tem mais “sustança”.

A rapadura-batida é aquela fabricada em engenho bangue com o mel do último tacho, depois do resfriamento, quando é batido com uma pá podendo -se adicionar canela, cravo e erva-doce, ampliando assim os sabores. Ainda na gamela, próximo da coagulação, pode-se misturar laranjas e tangerinas, com cascas o que dá sabores especiais para a rapadura batida.
 

Raul Lody

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.