Sem dúvida, um dos mais significativos indicadores sobre a história e a cultura de um povo, de uma região, de uma etnia, é o seu sistema alimentar. No caso brasileiro, há um destaque para as muitas civilizações africanas, que verdadeiramente colonizaram o Brasil por meio dos seus inúmeros acervos culturais, e entre eles as escolhas dos ingredientes, das comidas e dos rituais sociais da alimentação.
Assim, de um continente tão diverso, chegaram as bases sociais que identificam e marcam os lugares de pertencimento do povo brasileiro. Porque fora do continente africano, o Brasil é o país no mundo que reúne a maior afrodescendência.
São muitas, tantas, Áfricas, com povos e civilizações milenares, que das Costa Ocidental e Oriental; da região Centro-Atlântica e do Magrebe no norte do continente, e banhada pelo Mediterrâneo, estão presentes nas nossas manifestações como música, dança, teatro, festas, religiosidade, artes visuais; assim, como no português que falamos; e, em especial, nas diversas cozinhas brasileiras que são profundamente marcadas por estas diferentes “Áfricas”
Os temas afro-brasileiros despertam um grande interesse na nossa população, visto que são temas que estão presentes no nosso cotidiano, nas nossas tradições e nas nossas culturas regionais.
Sim, a Bahia é território de um amplo encontro com acervos, memórias e culturas de povos africanos e, em destaque, os Ioruba, que é ainda conhecido como Nagô; os Jeje das culturas Fon-Ewe; e os muitos povos de Angola, do Congo, de Moçambique, de Cabo Verde; de São Tome e Príncipe, com as tradições Bantu; também as civilizações afro-islâmicas e as culturas do Magrebe.
Sem dúvida, o acarajé é uma comida emblemática e de forte referência com a África. E assim, a Bahia integra, juntamente com o acarajé, um rico imaginário que faz desta comida uma possibilidade de ter a África à boca. Porque comer o acarajé é comer África, é comer esta Bahia africana.
RAUL LODY.