As festas populares e tradicionais sempre buscaram criar encontros para celebrar e possibilitar os vários e diferentes rituais de comensalidade. E, comer e beber na festa são os mais fortes aliados para a preservação da própria festa. Porque o oferecimento de diferentes comidas e bebidas que seguem os cardápios especiais está vinculado a cada tipo de celebração. Por isso, pode-se dizer que comer e beber é o que faz a festa.
As festas de Reis ou as festas dos Santos Reis, são expressões coletivas que ocorrem por meio de cortejos, autos dramáticos e danças, que celebram a visita dos três Reis Magos a cena histórica do presépio, esse caso uma representação do local do nascimento do Menino Deus. E tudo acontece com muita comida e bebida.
Assim, trago como um significativo exemplo das festas dos Santos Reis na Bahia e, em especial, na cidade do São Salvador, com os chamados de Bailes, Ternos e Ranchos, que são ilustrados com as poesias populares recolhidas por Melo Moraes Filho e Manoel Quirino; que mostram a criação e as comidas oferecidas durante essas celebrações de religiosidade, que culminam no dia 6 de janeiro, dia marcado como o da visita dos três Reis Magos a Belém.
Para ser completo
O nosso prazer,
Vamos divertir,
Comer e beber.
Venha porco assado,
Ou mesmo leitão
Que nós aceitamos
De bom coração.
Pode vir champanha
E algum moscatel,
Que sabem na goela
Melhor do que mel.
Venha porco assado,
Ou mesmo peru,
Arroz, vatapá
E algum caruru.
(MORAES FILHO, MELLO; QUERINO, Manoel; PRADO, J. N. De Almeida; OTT, Carlos. Bailes Pastoris na Bahia. Salvador: Câmara de Vereadores, 1957.)
RAUL LODY