E entre a comidas da Semana Santa, o bacalhau é um símbolo consagrado desta celebração cristã, e é ainda um símbolo do bem comer. Porque comer bacalhau é uma verdadeira atestação de poder econômico, visto que este peixe salgado, que chega de Portugal ou de outros lugares Nórdicos, tem conquistado cada vez mais os ideais gourmet, num mercado ampliado de consumo.
Esta supervalorização do bacalhau para diferentes cardápios, que acontecem nos contextos de restaurantes, festivais, e ciclos tradicionais de consumo como as festas tradicionais, chega para marcar um lugar desse prato especial que é muito, muito caro. Vale lembrar que antes, o bacalhau era uma comida muito, muito popular; sendo acessível a maioria da população. E assim se dizia : “Para quem é bacalhau basta”.
Isto atesta que o consumo anterior do bacalhau era muito comum, e isso o relacionava simbolicamente com uma base de consumo de alimentos baratos. Sem dúvida, existem muitos outros peixes secos e salgados além do bacalhau, e que fazem parte das muitas opções alimentares das mesas do brasileiro. Porém, é o bacalhau que cada vez mais impera e domina um imaginário do bem comer, e marca as tendências dessa tal gourmetização que, na sua maioria, funciona como um mercado especulativo e que quer ditar o que é o glamour à mesa.
E desta feita, à mesa está o bacalhau e seus acompanhamentos mais convencionais de batata inglesa, cebola, azeitona; e banhos generosos de azeite de oliva. Certamente acontecem muitas e variadas receitas que têm o bacalhau enquanto o tema principal, num ambiente de verdadeiro culto gastronômico.
À mesa baiana, e em destaque nos cardápios da Semana Santa, está o bacalhau assado, o escaldado de bacalhau com pirão, a moqueca de bacalhau, a frigideira de bacalhau, o vatapá de bacalhau que exemplificam algumas das delícias que marcam o bem comer para celebrar e vivenciar os muitos rituais de comensalidade.
RAUL LODY