Cada vez mais o entendimento sobre turismo, nas suas mais diferentes características e tendências, amplia-se nas questões conceituais e qualitativas. E com isso, fortalecer o mercado do consumo turístico que se relaciona com diferentes temas sociais, econômicos e culturais, torna-se também cada vez mais necessário.
Historicamente, o fato, o fenômeno, e o entendimento básico do que é turístico está fortemente condicionado ao ideal do que é chamado de típico; porém, a característica do típico é extremamente contextual, histórica, social, e fortemente ideológica.
Busca-se no que é típico características que marquem identidades de um povo, de uma sociedade, de uma região. Contudo, a construção e a escolha do que é típico tende a estabelecer-se nas seleções que fortalecem diferentes questões ideológicas, como por exemplo: nacionalismo, escolhas étnicas em sociedades multiétnicas, entre tantas outras.
Ainda, nestes ambientes, estão as escolhas pessoais, e subjetivas, muitas vezes em favorecimento de segmentos etnoculturais, para promoção de questões econômicas de mercados, que passa a oferecer roteiros como se oferece um “prato feito” para ser consumido.
A pluralidade, a diversidade, a dinâmica cultural; e os processos diversos da constituição das identidades, dos patrimônios material e imaterial, entre tantos outros, apontam para uma necessidade conceitual de relativizar e de reinterpretar, com frequência, o que é típico, o que se torna típico, o que se oferece como típico; além do que se pode comer e beber como típico.
Assim, para oferecer maiores opções, deve-se buscar projetos, roteiros, e demais ações programadas, que desbanalize o mercado de turismo, especialmente no turismo gastronômico, para que haja uma verdadeira ampliação e requalificação das ofertas do que comer, do que beber, dentro de um entendimento que fortaleça a multiculturalidade; e, desse modo, promover a preservação da cultura alimentar nos processos do turismo gastronômico.
Raul Lody