COLUNA RAUL LODY
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Vamos tomar uma abrideira!

Há muitas maneiras para se viver os rituais de comensalidade entorno de uma comida, como as celebrações que acontecem nas casas ou nos diferentes espaços públicos destinados para comer; e, em destaque, as festas nas quais as relações sociais ganham novos significados.

Celebrar é uma oportunidade para aproximar as pessoas, reforçar os diferentes papéis sociais de cada um, e revelar os variados segmentos sociais e culturais que trazem à mesa os momentos onde se vive a identidade e a memória ancestral.

Estar à mesa em família, num restaurante, num bar, numa banca de mercado ou feira, ou estar em pé na rua próximo ao tabuleiro de acarajé, mostram as diferentes maneiras de experimentar a comensalidade.

Nesses contextos, as bebidas têm variadas funções. Ora como acompanhamento da comida, ora como início de uma refeição, a chamada “abrideira”, seja no almoço ou jantar.

As abrideiras são normalmente bebidas alcoólicas, e entre elas a mais comum é a nossa tão celebrada cachaça. Esta bebida é um personagem fundamental neste momento inicial da refeição.

E assim, quase sempre, com um brinde ou uma salva com a “branquinha”, um dos muitos nomes afetivos da cachaça, dá-se início ao desfile de pratos com carnes, peixes, pirões, farofas, comidas com dendê, e molhos de pimenta.

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.