COLUNA RAUL LODY
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Museu é lugar de coisa nova

O museu é um espaço onde são apresentados novos conhecimentos, novas abordagens, descobertas recentes; e ações interativas que não ocorrem apenas ou exclusivamente com o toque de tela, ou no apertar botões.

O museu traz interatividade quando apresenta, e reconhece, através de diferentes linguagens – imagens, textos, objetos –, os vários símbolos da sua cultura ou da cultura que ele quer revelar para fazer com que a pessoa se relacione com essa memória e se emocione.

Museu não é para ensinar, ou apenas informar. Museu é um espaço para provocar, sugerir, mostrar, sensibilizar.  E emocionar sempre, e muito, porque fazer perceber e provocar uma sensação traz as mais profundas referências na construção das memórias.

O Museu é um espaço que dialoga com objetos, imagens, sons, pessoas; e comidas, sim comidas, como é o caso do nosso Museu da Gastronomia Baiana, um lugar sobre comida e cultura. Um Museu contemporâneo que integra a paisagem do entorno, o Largo do Pelourinho, um dos mais notáveis exemplos da nossa arquitetura que é reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.

O circuito continua dentro do Museu com uma ampla introdução sobre a comida e o valor dos sistemas alimentares da Bahia. Tudo isto acontece na exposição de longa duração, que está localizada num dos espaços que abriga um dos mais importantes “marcos” para a cidade do São Salvador que é “a muralha de Santa Catarina”, um notável testemunho arqueológico da cidade.

Ao continuar o circuito de visitação, chega-se ao restaurante-escola-museu, um lugar para conhecer e comer a comida da Bahia, onde são apresentados mais de 40 pratos da tradicional cozinha baiana, além de 16 variedades de doces, também tradicionais. Assim, este e o momento em que “o visitante come o Museu”; o que é, sem dúvida, a mais plena e fantástica ação interativa que acontece quando se trata de um acervo que é a comida.

E para finalizar o circuito, a loja-museu é o momento para conhecer e comprar livros de gastronomia, doces da tradicional mesa baiana, e experimentar um cafezinho neste espaço faz parte da linguagem expositiva do Museu.

É desse modo que se deve viver um Museu atual, porque patrimônio é uma experiência complexa e que faz parte de todas as nossas referências, dos nossos símbolos, da nossa cultura, e tudo isto se integra a nossa história pessoal.

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.