COLUNA RAUL LODY
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“Efó de tudo”

Na tradicional cozinha baiana são muitas as comidas “verdes”  que atestam  os  diferentes usos de folhas nos preparos culinários das receitas do Recôncavo. São receitas de comidas do cotidiano, das festas e dos cardápios das tradições religiosas de matriz africana.

O efó é um caso exemplar do aproveitamento das folhas, e das adaptações de ingredientes para as receitas.

Há o efó de: mostarda, capeba, aluman, mastruço, bredo; espinafre, língua-de-vaca, bertalha, taioba; entre tantas outras folhas que quando acrescidas de dendê, camarão defumado seco, e ou camarão fresco, coentro, cebola, limão, sal e postas de peixe, mostram a criatividade dos cardápios da mesa baiana.

O efó é também chamado de “caruru de folha”, pois caruru não é um preparo exclusivo com quiabos, caruru é um processo culinário que integra outros ingredientes verdes. Ainda, o efó é um guisado que tem na folha uma base para agregar os temperos. O efó pode ser acompanhado de arroz branco bem ligado, farofa de dendê, pirão,  ou, ainda como diz o costume, uma boa farinha de mandioca. Farinha fininha, torrada, seca, como indica o bem comer da Bahia.  E aí, para culminar a refeição, um molho à base de limão e pimentas frescas, no melhor estilo “lambão”.

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.