O mês de setembro mobiliza a Bahia com as festas nas casas, nos terreiros de candomblé, nos mercados; e em demais lugares que buscam celebrar com muito quiabo e dendê os santos Cosme e Damião, que no olhar e na emoção africana são chamados de Ibejis – gêmeos divinizados, patronos de famílias, comunidades, e mulheres que querem ter filhos.

Tudo está no imaginário da fertilidade, da fartura, que se unem aos cardápios do ritual, sempre com muitas comidas de azeite da Bahia: acarajé, caruru, abará, vatapá, xinxim de galinha, feijão preto com azeite, farofa de azeite; e muitos outros pratos que fazem parte da melhor linguagem da devoção, da sacralização, da fé; e do sentimento que revela uma tradição religiosa afro-baiana.

O caruru de preceito é iniciado com o oferecimento, na louça “caxixi”, louça miniatura, de todas as comidas que fazem parte do cardápio do caruru.  Há também as quartinhas, miniaturas, onde são colocadas bebidas; flores. E, tudo acontece diante das imagens de São Cosme de São Damião.

A festa começa quando é oferecido para sete crianças, numa única gamela de madeira, o caruru, que é recoberto com farofa de azeite e outras comidas; e estas crianças devem comer o caruru com as mãos. E só a partir daí é que os convidados podem se deliciarem com as comidas de azeite; e com o aluá, bebida artesanal que acompanha este ritual coletivo de alimentação.

Os devotos de São Cosme e São Damião comem com os seus santos e seus orixás, numa verdadeiramente comensalidade sagrada.