A comida e a alimentação fazem uma das mais importantes bases para formar o conceito de humanidade. Apenas o homem processa os ingredientes seguindo técnicas culinárias porque controla e domina o fogo; e porque acumulou saberes sobre cocção, e sobre as qualidades do que é cru e do é cozido. Ele interpreta os alimentos para preparar a comida, e serve a partir de rituais sociais de comensalidade.

Assim, um longo processo cultural orientou a seleção dos ingredientes, e indicou também os seus diferentes usos e funções nutricionais, para que cada alimento que faz parte de uma receita, junto com outras, forme um cardápio e um sistema alimentar.

Tão importante quanto a escolha de ingrediente, ou receita, é o processo culinário. E sem dúvida estes comportamentos sobre comida, contextos ecológicos e técnicas agrárias integram diferentes e complexas dinâmicas sociais. O conceito de comida faz da cozinha um espaço especial de realizações de sabores e símbolos.

A comida é um meio de comunicação.  A comida proporciona sociabilidades, reforça papéis de gênero, estabelece contatos com mitos e deuses; e marca o tempo das festas. 

Por tudo isso, o Museu da Gastronomia Baiana busca, a partir deste olhar amplo e complexo de bases antropológicas, conhecer, valorizar e interpretar os ingredientes, os processos culinários, as receitas, e os utensílios, que fazem da cozinha, do serviço à mesa, da estética de cada comida, um acervo que se integra aos  muitos patrimônios culturais da Bahia, que vão da arquitetura até as manifestações religiosas em múltiplos cenários étnicos, sociais e culturais.