Sem dúvida, os vários conceitos sobre museus são cada vez mais amplos e integrados às questões históricas, culturais e ambientais, de povos e civilizações de diferentes regiões do mundo. Contudo, o museu tem um papel patrimonial de transmissão de conhecimentos, de valorização de identidades, de mostrar as diversas representações sobre cultura e sociedade.
E, nos cenários contemporâneos que vivemos deste mundo globalizado do século XXI, a comida e os temas relacionados à alimentação ganham um lugar de interesse especial, um valor crescente tanto no Brasil quanto no exterior.
Assim, existem milhares de museus convencionais, exclusivos para a apreciação, para apreensão de conteúdo. E estes museus têm o seu lugar, sua tradição, seus acervos, suas missões que estão relacionadas com diversos contextos sociais, econômicos, culturais, ambientais, entre tantos outros.
Hoje, posso dizer, que desde o século XX os museus são também interpretados enquanto espaços sociais do cotidiano, como são os mercados, as feiras, os restaurantes, os bares; os templos de diferentes tradições religiosas, os sítios arqueológicos, os sítios históricos; as florestas; entre tantos outros espaços que possam traduzir as relações da sociedade com as suas memórias.
Temas de interesse para educação e para cidadania, e que estão relacionados com as atividades econômicas, com a preservação patrimonial, fazem parte destes espaços e equipamentos.
Assim, diante destes contextos, os processos produtivos de alimentos, os ingredientes de terroir; as inúmeras técnicas de agricultura, pesca e coleta; as interpretações simbólicas e funcionais das receitas; os utensílios de cozinha e mesa; os muitos rituais de comensalidade; e tudo que a comida mostra de identidade e cultura, que fez um verdadeiro boom no mundo globalizado impulsionou a criação de projetos de valorização e preservação das cozinhas tradicionais e da preservação da biodiversidade.
E, foi neste solo tão fértil e significativo sobre comida e cultura que, em 2006, nasceu o Museu da Gastronomia Baiana, um projeto Senac Bahia, no qual tenho a honra de assinar a Curadoria.
É o nosso Museu vivo. Pioneiro no Brasil e na América Latina, que agora, agosto de 2016, celebra seus 10 anos de criação.
Desejo ao Museu da Gastronomia Baiana uma vida longa e untada com muito dendê, pesquisa, trabalho continuado de educação, apoio à formação profissional daqueles que se interessam pela cozinha, pelos alimentos, e por uma gastronomia de identidade e de valorização da Bahia.