COLUNA RAUL LODY
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O Largo do Pelourinho e sua leitura ecomuseológica no Museu da Gastronomia Baiana

O lugar onde o museu é inserido aponta para uma forte tendência de observar e de identificar quem é o museu a partir do prédio. Também, a maioria das visitas começam com pelos espaços internos, como salas, galerias, e outros espaços que são organizados para mostrar coleções. Todos os conteúdos formais apresentados pelo museu seguem conceitos, linguagens e tendências que vão caracterizar cada museu.

Ainda, destaco que há uma variedade de museus que habitam ambientes diversos, como prédios históricos, igrejas, palácios, lojas; armazéns, oficinas, terreiros de candomblé, entre tantos outros. E estas ocupações trazem muitas adaptações arquitetônicas, cenográficas; e recursos de comunicação em linguagens visuais e, em destaque, as mídias digitais.

Em alguns casos, o prédio do museu é interpretado no contexto da cidade, numa interação entre o lugar e seu significado na paisagem social, que pode trazer para o espaço um entendimento ecomuseológico.

No caso do Museu da Gastronomia Baiana, que está inserido em prédios históricos, coloniais e barrocos, situados no Largo do Pelourinho, Salvador. Lugar reconhecido como Patrimônio da Humanidade, UNESCO (1985), o Museu assume valor especial pela importância cultural do lugar.

Assim, nasce o circuito de visitação do Museu da Gastronomia Baiana, no Largo do Pelourinho, numa leitura ampliada do território dentro do entendimento museológico, e que agrega as bases sociais e a funcionalidade do espaço público, e valoriza as diversas experiências culturais do território.

O entendimento ecomuseológico do Largo do Pelourinho significa agregar um retrato ampliado da vida, e das tradições, que ocorrem nos seus diferentes momentos do cotidiano e das festas populares e religiosas.

Desse modo, o Museu da Gastronomia Baiana estabelece vínculos com os seus entornos para melhor integrar os muitos testemunhos patrimoniais que fazem parte do seu notável endereço no Largo do Pelourinho, Salvador, Bahia.

 

Raul Lody

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.