COLUNA RAUL LODY
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Museu da Gastronomia Baiana, 11 anos pelo patrimônio alimentar da Bahia

Quando se fala um idioma, quando se dança uma coreografia, quando se seleciona um ingrediente, quando se realiza uma receita, quando se celebra um ritual de comensalidade, quando se pratica uma devoção; assim são preservados os muitos e diferentes patrimônios que dão identidade, que singularizam, um povo, uma região.

E é a partir desses olhares patrimoniais, com destaque para as comidas, as receitas os ingredientes, os processos culinários, os hábitos de consumo de cada comida, integrados aos contextos da cultura e da memória que um museu da gastronomia deve marcar o seu lugar social.

As formas para se viver sociabilidades nas mesas, nas feiras, nos mercados; nos tabuleiros, nos terreiros, nas festas; onde cada comida integra-se ao seu contexto de sabor, de odor, de cor, de textura, que surgem as referências que traduzem histórias pessoais ou coletivas.

Cada receita atesta uma assinatura culinária, um estilo de cozinheira ou cozinheiro. Isto tudo faz parte de um patrimônio alimentar, no seu mais amplo entendimento sobre gastronomia e cultura.   

E todos esses repertórios são significativos para o Museu da Gastronomia Baiana, que tem olhado com sensibilidade para a comida baiana.

O Museu realiza intervenções como exposições, publicações, seminários, oficinas, e projetos educativos, por acreditar que se pode fortalecer o respeito aos ingredientes, e de que a pessoa também deve se reconhecer nas receitas e nos cardápios, como uma forma de identidade à mesa baiana.

O Museu da Gastronomia Baiana tem, nesses 11anos, reafirmado os seus papéis de preservar, de educar, e de se articular com o grande público que vai ao Museu para encontrar acervos, repertórios, fundamentos; e principalmente experiências patrimoniais, como acontece no restaurante-museu/escola, onde o visitante “come o Museu”.

Assim, o Museu da Gastronomia Baiana homenageia os saberes tradicionais da Bahia que se relacionam com o fazer comida e produzir alimentos; com os ofícios das baianas de acarajé, dos pescadores, das marisqueiras; com a produção das casas de farinha, do fazer artesanal do azeite de dendê; entre muitas outras ações que se relacionam com tão importantes acervos para a Bahia e, sem dúvida, para o patrimônio alimentar do Brasil.

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.