COLUNA RAUL LODY
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É cada vez mais tropical o que se come no Natal

Sem dúvida, as memórias ancestrais trazem um entendimento da ceia de Natal como uma celebração marcada por um modelo geral de cardápio que funciona como referência desta festa Cristã.

Essa ceia consagra-se a partir de ingredientes e processos culinários do hemisfério Norte, que na ocasião da festa está em pleno inverno: neve, pinheiros, lareiras enfeitadas e muito frio. No nosso caso brasileiro, vive-se um verão com temperaturas médias entre 30º e 40º, e com muitos cenários tropicais, além de um litoral exuberante com variados tipos de peixes e crustáceos; também é a época de frutas como manga, caju, melancia, abacaxi, melão, entre tantas.

Todavia, o que vigora ainda como “identidade” do Natal brasileiro é servir assados gordurosos; vinhos tintos encorpados e vinhos fortificados; castanhas cozidas; frutas secas ou cristalizadas que são conservadas no açúcar; todo tipo de alimento que se deveria comer caso tivéssemos um clima muito frio.  Assim, o nosso cardápio natalino precisa ser relativizado para contextos tropicais.

Pode-se sugerir uma “Ceia à baiana”, e como entrada mini abarás, prato principal frigideira de bacalhau; sobremesa lelé de milho ou bolinho de estudante com sorvete de coco; e para marcar mais a identidade à mesa, uma bebida refrescante, aluá de abacaxi.

O AUTOR Antropólogo, especialista em antropologia da alimentação, museólogo. Representou o Brasil no International Commission the Anthropology of Food. Autor de vasta obra publicada com centenas de artigos, filmes, vídeos, e mais de 70 livros nas áreas de arte popular e gastronomia/cultura/ patrimônio. Reconhecido por premiações mundiais e nacionais pelo Gourmand World Cookbook Awards. Curador da Fundação Gilberto Freyre, da Fundação Pierre Verger e do Museu da Gastronomia Baiana do Senac Bahia.